segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

"Rompe a aurora"....

Depois de um período de vazio, de quase morte, volto a este espaço para dizer que ousei olhar para trás. E não, não me tornei estátua de sal, mas percebi que existiram tempos de deserto, de areia seca e fofa, quente sob os pés, de falta de esperança e de futuro. Houve tempo de areia movediça, encharcada, que me sugou quase até ao ponto de me sufocar. Houve tempo de pedregulhos, britas e sequidão; de silêncio e vazio inóspitos, de dor e de lamentos insuportáveis. Mas olhei para o passado e vi que o caminho que se construiu me levou para frente.

Não há como dizer que o pasto está completamente verde, que a brisa que sopra é completamente fresca e que a sombra é completamente um refrigério. Mas o mal passou. os dias de escuridão e lágrimas, passou. Não como um milagre. Mas como batalha erguida, traçada e vencida.

O mérito é meu? Em parte, sim. Da parte em que dependeu da minha escolha continuar ou desistir. Da força, não. O mérito é de Deus que me deu fôlego, enviou amigos, abriu portas inesperadas, me encheu de criatividade, palavras que faltavam, textos que se completaram, multiplicação dos ganhos que bancou contas, viagens, encontros. A Deus, sim, que me deu coragem para mudar a situação, me erguer contra o abuso e o cansaço e me abençoou em tudo que me dispus a fazer.

Um ano mais se passou. E olhando para trás eu percebo que a estrada ainda é longa, mas possível de ser trilhada. Novos projetos, novos planos, novas situações, novos - e velhos - amigos, novas vontades. O que é meu, no entanto, não se firma sem o selo de garantia do meu criador, do meu amigo, do meu guia, do meu Pai. "Let me open my heart to You, Jesus. It's what I long to do". 

Se me falta uma dedicação, aqui está: agradeço a Deus por todo o ano que passou e por tudo o que vivi. Por cada sorriso, desafio, acordo, descoberta, entrevista, boletim, contato, telefonema, abraços, culto, encontro, reunião, resultado. Obrigada. E, para manter o bom caminho, consagro e dedico o novo calendário ao Senhor. Que os planos, projetos, sonhos, obrigações, responsabilidades, diversões sejam apresentados e dirigidos pelo Senhor. May Your will be done. E os próximos dias sejam de paz. E paz verdadeira.

Feliz ano novo! ;0)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Gratitude pela Solicitude

Transcrevo para vocês o texto vencedor do Troféu "Joinha" no acampamento da MICB 2008, de minha autoria, por acaso, com o tema "amizade". Divirtam-se!

"Gratitude pela Solicitude 
(Um relato pessoal)

Em minhas memórias , vejo os dias tristes e confusos da separação. O dizer "adeus" à família que me acolheu por 10 anos foi seguido pela incerteza de um novo lar. Deixei para trás Cláudias, Luds, Luízes, dança, canto e paixão. E, errante, passei à solidão de um quarto fechado.

Um convite, numa tarde quente pós-plantão, levou-me a uma nova casa onde, de visita, passei a conhecida, a amiga e a irmã. 

Recomeçar não foi fácil, mas alguns abraços provaram ser possível encontrar nova confiança, novo grupo, novo amor, novo tudo.

Me enchi de Márcias e Márcias, Andréias, Juniors, Ismaéis, Stephanies, Talitas, Brunos, Tchainas, Rafaéis, Larissas, novas Silvias, Cláudias, Carlas, Fábios, Melissas, Priscilas, Isabelles, Leonardos, Alices, Fabrícios, Ricardos, Déboras, Jacks, Fernandas, Walneys, Islaines, Alessandros, Zecas, Aras e Arienes e outros que a cada dia vão sendo agregados.

Ombro a ombro, e em outras línguas, um rodeio de gente que caminha junto e que reconhece seus próprios atos.

Novas portas e cantos e danças e sonhos. Uma missionária que encontrou um quarto aberto com vida.

E hoje, olhando para o passado, sabemos que erros existiram na caminhada que me trouxe até aqui. Mas são perdoados pelo amor encontrado e pela percepção do cuidado que o Pai - de todas essas famílias - dedicou a mim.

Olhando para a irmandade que hoje me cerca, suspiro de alegria e alívio. E, com coração grato pela bondade e fidelidade, agradeço a Deus que me deu vocês como amigos".

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Dívida de tempo

Sentada há duas horas, tentando produzir uma informação, estou vendo o dia amanhecer. A noite está pela metade e os meus dedos me enganam ao digitar as palavras que não completam minhas tarefas.

Esta semana a procrastinação se vingou de mim: paguei por cada segundo desperdiçado. Cansaço, cansaço, cansaço. Tudo o que não foi feito em um mês foi, forçadamente, realizado em três dias. 

Bem feito pra mim e pra você. Pra mim, porque não me esforcei em me concentrar. Pra você, porque ainda não aprendeu com meus erros e está agora desperdiçando seu tempo lendo algo que não muda sua vida, sua opinião ou sua disposição, apenas com a desculpa de "descansar um pouco a mente". Encerro: não vale a pena. A preguiça é uma agiota ferrenha, que sempre encontra seus devedores.

Amanhã

Já pensou como seria a vida se pudéssemos viver sem pensar no amanhã? Como seria jogar os planos pela janela, usar o dinheiro só com diversão, trabalhar apenas se desse vontade, sorrir um sorriso despreocupado, não ser pressionado pela agenda do dia seguinte?

Se não houvesse amanhã, como diz a música, amaríamos mais? Seria diferente nossa maneira de agir? Perseguiríamos a felicidade do agora? Corrigiríamos erros, julgamentos, atitudes? Consertaríamos relações?

Como seria dormir sabendo que não haveria outro dia depois do sonho? Que prioridades elegeríamos? O que faríamos com o que nos sobra? 

Se amanhã, abríssemos os olhos e só um quarto vazio nos cercasse, que lembranças carregaríamos? Que amigos recordaríamos? Qual o primeiro nome que chamaríamos? Quem desejaríamos rever mais uma vez?

Pensando que hoje é o único dos seus dias, qual seria a sua preocupação? Com o quê se importaria? Que música escolheria como trilha sonora das suas 24 horas? Em quê, diga-me, em quê gastaria seu tempo???

O som da noite

Quando nada mais há para ser acrescentado, o silêncio deve ser solenemente respeitado.
Não se pode permitir, sequer, o ruído dos pensamentos.
É preciso negar o sussurro tentador da voz que não é sua.
Manter o foco e guardar o silêncio como um voto.
Preencher as horas com o segredo de você.
E deixar que as lágrimas caiam sem a pressão das palavras e o sentimentalismo dos sons.
Nessa hora, quando tudo é vazio, levantar os olhos aos céus,
agradecer por mais um dia de produção e de respirar,
virar para o lado e dormir.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Sexta

Sob um céu avermelhado, nossas risadas inundaram o ar. Era som de festa, de alegria, de momento bom. Era som de comemoração....da minha vida!

Os amigos que se dispuseram a vir, à meia-noite para a missão de me fazer contente, divertiram-se numa piscina recheada de balões, de água morna e muito bolo de chocolate.

A sexta-feira começou assim: com gosto de novidade, de diversão e de previsão que o próximo ano será de mais VIDA!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Birthday Wish

De todas as coisas que as pessoas me cobram quando digo que estou fazendo 28 anos, um casamento é a maior delas. Mas que me perdoem os casamenteiros e alcoviteiros de plantão, não estou preocupada em apressar essa decisão.
Estou visitando uns tio no interior do Tocantins. Os dois já estão velhinhos - ela com 70 e ele 74. Quando se casaram, ela tinha 15 e ele 19 anos. Tiveram cinco filhos, perderam o mais velho no auge da mocidade e isso provocou neles a maior das dores de toda a vida.
A vida inteira eles moraram numa fazenda, cuidando de gado, plantando cana e produzindo as melhores rapaduras que me lembro de ter comido. Eles iam dormir às 19h, sem energia elétrica, coma luz do lampião e sob as estrelas e acordavam às 4h do dia seguinte para recomeçar tudo outra vez.
Mas depois de tantos anos, minha tia ficou doente. Labirintite e inflamações no joelho não permitiam mais que ela levasse a vida pesada da fazenda. Por decisão dos filhos, eles se mudaram para a cidade há dois meses. E é nesta casa que, pela primeira vez os estou visitando.
E aqui, no calor sufocante do Tocantins, estou aprendendo que vale esperar por um amor que dura a vida inteira. Um amor que vence o tempo, as dificuldades, as dores e os quereres.
Ao olhar para meu tio, você percebe que ele está acometido de uma depressão leve por ter saído da fazenda. A aposentadoria, diz ele, chegou antes do que esperava. Mesmo assim, também é possível notar nos seus olhos a ternura ao olhar minha tia, que já emagreceu alguns quilos desde que deixou a fazenda, não tem mais crises de tontura e sente menos dores nas juntas.
Se ele gostaria de voltar à vida na roça? Com certeza. Mas a recuperação do grande amor de sua vida é mais importante neste momento. ele enche os olhos de lágrimas para falar dela e sorri com a constatação de que tudo está bem.
Não me importo de esperar mais algum tempo para me casar. Podem me chamar de idealista por querer alguém que vai abrir mão dos próprios desejos para me ver bem. Eu te digo: farei a mesma coisa. e este tempo de espera não é desperdiçado. Vejo a vida com outros olhos. E não me atormento: se aconteceu para os meus tios,  vai acontecer para quem souber escolher também.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Quinta

Um dia atrapalhado e displicente. Uma letargia desigual me acometeu nesta quinta. Apenas uma idéia me fez despertar das profundezas do estado sonolento: comemorar meu aniversário na virada do dia.

Daí, toca a ver a opinião da família, a lista de comes e bebes, os convidados, o convite. Me debrucei sobre o lap top (isso é possível? Enfim...) e, depois de uma hora, um ppt TOP SECRET foi enviado aos agentes da minha alegria neste ano.

Depois, visita ao supermercado. O que comprar, como comprar, quanto gastar, onde estava a lista? Na mão da minha sobrinha, que foi a grande responsável para que tudo desse certo no final. Pena que ela mesma não pudesse ficar para a festa.

Voltar pra casa, enfrentar o caos do quarto, da cozinha, preparar a área externa, encher 300 balões, um a um, no bico. Eu, mamãe e Cinthia. Guerreiras. Elas nos criou assim.

No meio tempo, ainda tinha entrevista a fazer, compromissos a cumprir, matérias a se estudar. O livro, eu abri por 15 minutos, só para terminar uma bateria de exercícios. A entrevista, 20 minutos resolveram. A matéria....bem o texto está semi-pronto, faltando dois parágrafos que vou terminar, assim que fechar este post.

23h35. Os convidados começaram a chegar e a família, junto aos amigos, completou o quadro perfeito das 3h seguintes, quando todos ríamos, cantávamos o tradicional "parabéns pra você" a cada cinco minutos, até que alguém resolveu cortar o bolo. Meia-noite. O MEU dia está apenas começando....

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Quarta


Dia sem concentração, mas com esforço. Pouco de outros e muito de mim!

Terça

Longe de ter sido uma "terça insana", este foi um dia de concentração. Se por ter começado mal (acordei 1h45 atrasada), ou pela simples necessidade, fiz quase tudo que precisava hoje.

Sem desgrudar o olho da tela do computador mandei e-mails, fiz entrevistas, pesquisei assuntos, esperei resposta sobre se iria ao aniversário do ministro da Saúde (não fui, afinal), conversei com chefe que está na China, atualizei o blog, desliguei o computador, estudei por uma hora, voltei pra vida on line, fui a uma reunião e estou de volta a tempo de ter uma noite quase perfeita de sono.

Acho que a prática da disciplina poderá se tornar um hábito se eu continuar me concentrando. Mesmo assim, acho que o exercício mental é como o exercício físico: nos primeiros dias cansa e te faz ficar todo dolorido.

Estou absurdamente cansada! Mas foi um ótimo e produtivo dia. Agenda de amanhã: acordar mais cedo para ter mais tempo para fazer as MINHAS coisas.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Segunda

A minha contagem regressiva para o aniversário começou há quase um mês atrás. E agora, frio na barriga, rufem os tambores, faltam três dias para completar mais um ano de vida.

Ao contrário de algumas pessoas que têm pavor de aniversários, eu adoro comemorar o meu. Adoro ser lembrada, receber todos aqueles votos carinhosos que se dizem nessas ocasiões, adoro as festas e os amigos obrigatoriamente ao redor. Sim, também curto os presentes, mas eles não são a parte mais especial.

Minha expectativa da semana que antecede o meu dia é sempre de que coisas boas vão me surpreender. Bom, não foi exatamente o que aconteceu nesta segunda-feira. Como as pessoas são.....de todos os tipos de relacionamentos que já escrevemos aqui o que menos falamos é do profissional. Mas nem por isso ele deixa de ser complicado. A falta de comunicação entre duas pessoas que trabalham com comunicação só pode resultar em problemas.

Mas o que fazer quando quem pensa que é seu chefe te manda ignorar o chefe que realmente o é? Bom, essa não é uma semana para entrar nessa discussão. A lição que eu tirei - até porque, como já disse, essa é uma semana crucial, porque está chegando meu aniversário e a hora é de mudar, sempre pra melhor - é que eu tenho de canalizar minha irritação para algo produtivo. 

Assim, cá estou eu, organizando minhas coisas para, enfim, dar início à bateria de estudos que vão me tirar, se Deus quiser, dessa vida de empregado para uma vida de concursado! êeeeeeee

Agradecendo, como sempre, aos ouvidos e olhos atentos da minha querida amiga Márcia, que me ajudou a levantar a cabeça, parar de chorar e olhar as coisas por outro prisma e, claro, não desistir da luta, mas mostrar quem eu sou, dentro e fora do âmbito de trabalho. E até aqui, tenho sido boa.

(E agora, vamos voltar ao trabalho, pq se não, a própria Márcia vai me dar uma bronca por estar aqui, divagando, quando deveria estar resolvendo coisas para não perder tempo de estudo! rs)

domingo, 19 de outubro de 2008

De volta à estrada de tijolos amarelos

Esta é uma semana crucial. É minha última semana antes que mais um ciclo de vida se feche. E algumas coisas ainda precisam ser ditas. Hoje, exatamente, nada me aflige. As coisas que estão para acontecer simplesmente vão acontecer.

O caminho que eu tracei neste último ano de vida foi completamente diferente de todas as estradas que eu já tomei. Talvez, o que eu tenha feito foi adotar um ano quase sabático - "quase", porque ainda me parece impossível parar completamente -, onde, ao invés de correr pelo caminho afora, eu sentei ao lado da estrada poeirenta e esperei o sol se pôr.

Fora a poesia, o que fiz pode ter me desestabilizado um pouco, principalmente no início. Mas, com o passar dos dias, fui retomando o equilíbrio e descobrindo que eu posso, sim, reduzir o ritmo e conseguir relaxar sem parar de produzir.

Os amigos, mais uma vez, foram essenciais neste momento. Não apenas para me ajudar durante as crises de abstinência do vício alucinante do trabalho, mas também para me fazer rir, brincar, descobrir segredos de mim mesma.

Como eu disse a um precioso amigo longíquo esta semana, eu agora sei quem eu sou e o que eu quero. Talvez essa certeza esteja mais no discurso do que na percepção. Mas já é um alívio poder ter este tipo de constatação, mesmo que, num primeiro momento, apenas teoricamente.

Estou tranqüila. Essa é a verdade. E feliz porque o caminho que eu escolhi seguir finalmente parece ser a estrada certa, que vai me tirar do círculo vicioso e vai me levar direto para o início da minha vida, a vida pra valer. =) 

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Receita para uma vida


Do que a vida é feita? De dias preguiçosos e ocupados, de agenda lotada e vazia, de horas felizes e frustrantes, de expectativas positivas e negativas, de problemas e soluções, de sonhos e desesperança.

Não só de momentos individuais e de questões particulares, a vida também reúne as situações em que somos meros coadjuvantes, os "melhores amigos" dos personagens principais, os conselheiros não consultados, os ombros presentes, os ouvidos dispostos, os preocupados pelo outro. 
É de se assustar que ainda haja a oportunidade de sermos menos egoístas e nos ocuparmos com quem chamamos "amigos". É mais tenebroso ainda sentir nossa dor, ter nossos próprios problemas e nada disso importar, em primeiro plano, porque alguém que amamos se encontra em situação mais apertada.
Que graça ver o sorriso no rosto da amiga que tem suas notas afinadas e ouve sua lírica sendo entoada com tanta melodia; que felicidade sentar-me à mesa junto a queridos mais queridos do que imaginam pra rir de coisa alguma e brincar com o nada; que incômodo ler as linhas angustiadas da estrangeira brasileira e perceber sua tristeza e não poder mostrá-la uma face da moeda que ela não viu e que é tão tranqüila; que aperto oferecer ajuda, horas, disposição, orações e tentativas de ânimo para quem está com a doença a se aproximar de sua casa e não ter nada mais do que o ombro como solução imediata; que conforto poder acolher um amigo em abraço, gastar horas sem dizer nada e só deixar que um cafuné fale tudo o que se quer ouvir....
A vida é feita de um dia após o outro. De todas as obrigações a que somos impostos. Mas também desses pequenos momentos preciosos, quando descobrimos que a vida só é vida porque temos o outro e várias vidas para compartilhar. 

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Ajustando o foco

Na minha parede há um pequeno cartaz feito à mão, que fiz durante uma noite insone de trabalho, e que diz "Mantenha seu foco". Mas o lembrete vai muito além das minhas responsabilidades diárias. Ele me diz para pôr os meus olhos no autor e consumador da minha fé, no meu Pai, que pode tudo quando eu não posso mais. 

Mas, algumas vezes, eu passo agir como um amigo, de quem tive notícia hoje, que saiu de casa, deixou uma dívida de quase mil dólares com os pais e foi morar com uma mulher que ele conheceu há menos de três semanas pela internet - sem esquecer o detalhe de que ela nunca foi casada, mas tem quatro filhos. E quando isto acontece, me sinto muito independente e passo a olhar para as coisas que quero, as situações que controlo e os desejos do meu coração. 

Há algumas semanas, tive o privilégio de ouvir uma menininha de oito anos cantando. Ela, diante da platéia desconhecida de adultos, olhou para o moço com violão que a acompanhava, apenas uma vez. Depois, fixou seus olhos em seu pai, sentado na beira da cadeira, na quarta fileira, que balbuciava as palavras da música junto com ela. Em nenhum momento ela fechou os olhos, olhou para outro lado ou pareceu perdida. Ela olhava para seu pai e, enquanto fez isso, cantou toda a música, em inglês e português, sem tremer nenhuma vez.

E é assim que devo agir. A metáfora é verdadeira. A Bíblia nos diz para não desviar nem para a esquerda, nem para a direita. E quando tiramos nossos olhos de Deus, vagamos por todas as direções sem encontrar um rumo certo e ainda levamos, "de presente", quatro filhos, que não são nossos, para criar.

Mas quando nos espelhamos nAquele que nos ama com amor incondicional, fitamos nosso Pai, sentimos a segurança de cantar a música inteira até o fim. E é isto que quero me lembrar esta noite. De parar de olhar para as circusntâncias, para o meu medo, para o meu umbigo e olhar para o meu Pai. E seguir as notas que Ele está cantando, na tentativa de me guiar pela melodia correta.
 

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Passado no passado

Parece que está tudo bem.
As fotos não mudaram, seu status não mudou, as mensagens não mudaram. 
Se tá bom, então tá bom.
Os sonhos voltaram a ocupar seus dias.
O contato ficou só no passado.
Parece-me que a escolha foi acertada.
Sair da sua vida foi o passo certo a ser dado.
E enquanto isso, parece que está tudo bem.
O sorriso não mudou.
Nem o número do telefone.
A saudade nem existe. 
Só, talvez, a curiosidade.
De saber se a vida tem sido justa pra você.
Se tá bom, então tá bom.
E a conclusão é uma só: parece que está tudo bem.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

You (all of you) are the grace of my life!

Madrugada a dentro e eu pensando na vida. Há um silêncio na casa, que só é interrompido pelo som dos meus dedos no teclado. Ainda há muito o que escrever. Ainda há muitas análises a fazer. Ainda há muito para se ponderar.

O sono vem chegando lentamente. Como um algoz pronto a me torturar com horas de descanso e sonhos infrutíferos. E rio da minha constatação. 

Tem chá quente na garrafa esperando que eu dê um gole. E a luz do abajour parece convidativa para mais uma reflexão. Amigos, amigos....poucos minutos de conversa e muitos risos depois, me descubro apaixonada pela presença de tais companheiros.

Não é possível fugir das obrigações e do martírio dos dias noticiosos. Mas esses momentos, tão preciosos, valem por toda a vida. 

Ao redor daquela mesa, qualquer assunto é válido. Desde a bobeira mais insólita até a informação mais séria. E, mesmo assim, uma palavra ambígüa é suficiente para nos fazer voltar a gargalhar.

Enquanto tudo ao meu redor está envolto em silêncio, na minha mente o barulho é constante: é som de dia bom, de descanso de olhos abertos, de mensagens nas entrelinhas de um sorriso, de carinho pela amiga que ficará fora, de saudade das poucas horas de distância, de segredos que guardamos uns dos outros e que fazem de nós a melhor das irmandades! 

domingo, 31 de agosto de 2008

Ele é fiel

Estamos nos preparando para cantar com o coral da Igreja de Cristo no próximo mês. E uma das canções escolhidas que sempre fala muito ao meu coração é a que se chama "Ele é fiel". Se pela voz suave da Silvia ou pela letra profunda, o importante é a conclusão a que se chega: Ele é fiel, apesar de eu não o ser. E, mesmo não sendo um convite ao comodismo cristão, saber que Deus permanece fiel, independente de mim, é um alívio.

Transcrevo, assim, a letra desta canção e espero que vocês, assim como eu, se sintam agradecidos pela fidelidade incondicional de Deus.

"Em momentos de dor
E através das lágrimas
Há um Deus que é fiel a mim

Quando a força se vai 
E canção já não há
Seu Amor é fiel a mim

Suas promessas está a cumprir
O que era impossível
Deus fez por mim

Ele é fiel
Fiel a mim
Seu amor e Seu perdão
Eu vi
Em meu ser me questiono
E na fé já falhei
Mas Ele é fiel
Fiel a mim

Quando eu me perdi
Não conseguia mais orar
Mas meu Deus foi fiel a mim

Desperdicei o meu viver
Procurando meu prazer
Mesmo assim, foi fiel a mim

Toda vez que eu busco a Jesus
com Seus braços abertos
Me espera outra vez

Ele é fiel
Fiel a mim
Seu amor e seu perdão
Eu vi
Em meu ser me questiono
E na fé já falhei
Mas Ele é fiel
Fiel a mim"

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Os otimistas

Passei o dia todo com essa tela em branco na minha frente. O dia todo pensando no que escrever. Tantas coisas aconteceram nos últimos dias, que ainda estou pondo tudo em ordem antes de tirar a lição de moral.

Entre tantas indas e vindas, me deparei com uma senhora no aeroporto, que sorria com verdadeira felicidade. O suficiente para que seu rosto se tornasse vermelho e seus olhos brilhassem. Enquanto esperávamos a bagagem sair daquele buraco profundo e misterioso que leva aos carrinhos da Infraero, ela chegou com dois botões de rosas vermelhas, combinando com a cor de seu cabelo. E a cor da sua tez mudou enquanto explicava à amiga que o marido levava flores todas as vezes que ela chegava de viagem. Aos 33 anos de casamento, ainda era uma surpresa vê-lo chegando com as rosas. E ficou vermelha como as flores. Os dois filhos, segundo ela mesma disse em tom vitorioso e orgulhoso, eram tão galantes quanto o pai. 

Em Araxá, conheci essa assessora. Os anos de profissão denunciavam a maturidade. Ainda assim, mesmo tendo morado em Paris, Londres, Estados Unidos, como correspondente do Estadão, passado por dois casamentos - e, agora, de namorado novo - não se abateu em três dias integrais de seminário. Em nenhum momento, apesar do cansaço, foi desagradável, rabugenta ou murmurou. Em todos os dias estava sorridente, como lhe é peculiar, preocupada com o bem-estar dos convidados e colegas, interessada nos infindáveis dados apresentados. E ainda teve forças para, ao voltar a São Paulo, ir a Guarapari, debaixo de chuva, para passar o domingo com a mãe.

Num dia complicado de trabalho, abri meu email e lá estava a resposta de um amigo colorado, me contando que tinha decidido assumir publicamente seu namoro e me convidando para ir ao "casamento do meu melhor amigo". A aposta alta no relacionamento superou todas as expectativas e temos uma borboleta (que não sou eu) que ganhou um jardim! 

Esperando por um vôo em São Paulo, um americano que está trabalhando no Brasil me mandou uma mensagem de texto. Me disse que infelizmente não poderia se encontrar comigo porque estava "preso" na polícia Federal...não, ele não fez nada de errado! Estava apenas renovando o visto. Lembrou da chuva e do frio que estava em São Paulo e se alegrou porque eu não precisaria sair do aeroporto e enfrentar a "garoa". Me mandou um smile e me desejou "the best flight ever!".

Por telefone, minha amiga querida me ouviu por algum tempo. Riu comigo das dificuldades da viagem - e das que tinham ficado pela cidade também. Compartilhou pensamentos, problemas, preocupações, mas sem perder o bom humor e sem deixar de desejar que eu aproveitasse o tempo não só com trabalho, mas com descanso e silêncio de qualidade. Mesmo com todas minhas argumentações e desculpas, ela não se abateu e mais uma vez se fez presente nos meus dias conturbados.

Lembrando desses fatos, só posso chegar a uma única lição de moral, que me foi ensinada esses dias pelo ex-coordenador dos programas de envelhecimento da Organização Mundial de Saúde, Alexandre Kalache, segundo o qual, "quem é otimista vive melhor e vive por mais tempo". Em pequenos detalhes encontrei pessoas que conseguem sorrir mesmo quando nem tudo vai bem, que SÃO felizes mesmo quando não ESTÃO felizes (já leram isto em algum outro lugar, vizinhos?), que são otimistas quanto ao que ainda está por vir. Encontrei pessoas que me fizeram pensar nas minhas queixas e perceber que há coisas melhores a se fazer do que sofrer o tempo todo. Encontrei pessoas que conseguem superar o mal.

E pensei: por que não eu? Uma vez, minha mais doce amiga me disse algo memorável: "se é para sofrer e para chorar, que seja aos pés do Senhor. Porque só Ele pode entender, consolar e fazer algo a respeito por você". Que a lição sirva para todos nós. E sejamos otimistas para vivermos mais e melhor.

sábado, 16 de agosto de 2008

Pedindo ajuda aos universitários

Entre os muitos livros que ocupam minha cabeceira (estou com cinco começados a ler, ali, olhando pra mim), senti falta de um que me ajudasse a ter uma direção. Se pela falta de tempo para ler - mentira. É questão de interesse mesmo -, ou porque os assuntos atuais não atendem minhas perspectivas, o fato é que estou entulhada de material começado a ler e prometido a ser terminado. Não feliz com isso e sem disposição para dar continuidade aos últimos temas - tem até um que fala sobre como escrever um livro! hehehe -, fui até à estante, no andar de baixo, e busquei um novo título: Uma vida com propósitos, do Rick Warren.

Não sei quantos de vocês já leram este livro e o estudaram. Eu já tentei começar umas três vezes. Essa vai ser a quarta tentativa. Não é que seja uma leitura chata (às vezes, é), mas é que o livro me exige um compromisso comigo mesma que não consigo manter. 

Por isso, peço a ajuda dos universitários: alguém pode me explicar que fenômeno é este em que eu consigo me comprometer fielmente a uma empresa, a um trabalho, a uma igreja, a um blog, a alguns amigos, mas não consigo responder ao meu próprio chamamento?!

Qualidade de vida é algo tão almejado, mas, ao mesmo tempo, tão desrespeitado pra/por mim! Continuo na expectativa de conseguir tirar, sei lá quantos minutos por dia, para estudar o livrinho de 276 páginas (294, se contar os três apêndices), mas tem sempre algo mais urgente passando na frente do meu bem-estar...há algum jeito de me comprometer comigo, sem que isso seja um enooooooorme sacrifício????
 

Especialmente colorado

Tenho pensado muito sobre você, nos últimos dias. Recontei algumas vezes o último capítulo da nossa novela a alguns espectadores e eles ainda torcem para que o mocinho e a mocinha tenham um reencontro.

Não sei qual a possibilidade de que você tenha acesso a este texto. Não sei com que freqüência vem me visitar - se é que vem. Mas queria registrar que todos estavam certos e eu, me encontro errada: sinto sua falta. Me mordo de ciúme porque seu coração encontrou feedback em outro lugar. Me sinto ofendida por ter perdido sua atenção.

Infelizmente, a música ainda não mudou. "Big girls don't cry" continua sendo a trilha sonora da minha vida. E, por mais que eu tente me convencer do contrário, sei que a amizade só sobrevive, hoje, pelas lembranças. Impossível para nós, com uma história como a nossa, começar novos episódios sem deixar que o ranso do passado nos acompanhe.

Tudo bem. Não me iludo. Não me chateio com sua ausência. Tudo bem. Nada disso é verdade. Não sei, contudo do que mais sinto falta: da sua insistência por um futuro ou se do amigo desligado. Uma coisa é certa: as risadas estão sendo acumuladas. Guardadas para o dia que você resolver voltar e me fazer rir por pouca coisa...como é a sua especialidade.

Felicidades no seu caminho. Se ele chegar ao destino proposto, que seja para fazê-lo realizado. E se isso se der, me dou por satisfeita.

Bjs.
(Há mais de um ano - dia 04/06, para ser mais exata - eu escrevi coisas semelhantes aqui pra vc....engraçado que quem me mandou a musiquinha foi você! rs)

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Decidindo quem fica e quem vai, se eu fico ou se eu vou

Não pense que me conhece. Você não sabe por quais caminhos andei para chegar até aqui. Não tente me desconstruir. A ponte que atravessei confeccionou o cimento em que me assentou.

Não sou dura o suficiente para não desmoronar. Não sou tão frágil para ser derrubada no primeiro sopro. Não tenho todas as respostas para quem tem todas as perguntas.

Não sou eu sozinha. Sou o resultado do complexo emaranhado de palavras, pessoas e situações que formaram minha história.

Não me olhe de longe e tire conclusões. Peça um lugar e te coloco ao meu lado. Não queira ser mero espectador de mim. Caminhe comigo algumas léguas. Você me verá sorrir e chorar. E não prometo que não vai se envolver.

Não se aproxime se não for ficar. Mas se ficar, deixe uma impressão marcante. O suficiente para que o tempo não me faça esquecer você.

"Meu vício, agora, é a madrugada"

Há uma música do Kid Abelha que diz "meu vício, agora, é a madrugada"..... Essa sou eu. O tempo desperdiçado durante o dia com tantas distrações é compensado pelas horas noite a dentro.

Minha inspiração troca o dia pela noite. Ela se veste de preto, ajeita a maquiagem, arruma o penteado, põe o casaco, calça suas botas de cano longo e sai para a "balada" depois da meia-noite.

Ela me põe em apuros quando Hypnos, o "deus do sono" da mitologia grega, me ataca antes que ela esteja pronta para curtir. A luta é ferrenha entre o ardor dos olhos que insistem em fechar e as milhares de idéias que pululam na minha mente quando a cabeça encontra o travesseiro.

Fã de carteirinha das músicas que acompanham meus momentos noturnos, a inspiração move meus dedos na velocidade estonteante e barulhenta com que martelo o teclado. Dois textos para o blog (este é o terceiro), dois para o trabalho. Falta um, ainda, para terminar a jornada desta segunda-feira garfieldiana. 

Mas a inspiração não me permitiria falar por tanto tempo só de coisas sérias. E por isso, concluo outro recital blogueiro, antes de retomar minha obrigação massacrante.

O fuio da paiede

Se eu pudesse acrescentar àquela lista de Natal um desejo a mais que fosse, pediria não apenas o material que escrevi, mas pediria para ser liberta de mim. De parar com tanto sofrimento inexplicável, de abrir mão dos desejos não realizados, de esquecer o que, um dia, foi mágoa.

Eu pediria para ter um dia mais leve, com as lamúrias sendo reduzidas a cada instante, passando do muito para o pouco e, depois, para o de vez em quando, até alcançar o nunca.

Aumentaria àquela lista a vontade de não ter mãos vazias, mas sempre cheias de oportunidades aproveitadas, de situações bem vividas, de amizades respeitadas, de momentos agradáveis.

Eu gostaria de uma alma mais leve, de um coração mais aberto, de um medo menor da dor, de relacionamentos mais tranqüilos. 

Se eu pudesse, pediria, sim, a liberdade, mas acompanhada, não mais este tempo solitário e insosso. Descreveria as aventuras que viveria se tivesse a possibilidade do amanhã sorridente.

Ah...se eu simplesmente ousasse pedir de volta aquela lista e tivesse a coragem de admitir que o escudo não me protege mais, o forte está esburacado por toda parte e o vento já me atinge, ao invés de maquiar uma segurança que não existe mais....

Se, somente, eu não fosse essa tola criança que olha o Pai com medo da repreensão ao invés de reconhecer nEle a proteção que eu preciso, eu poderia acrescentar à minha lista dias felizes e folgados, livres, simplesmente, livres de mim. 

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Ponte aérea

Voltei de São Paulo. Por incrível que pareça, viagem tranqüila e sem nenhum contratempo. Pelo contrário. Quer dizer, tirando a chuva e o tempo (absurdamente) frio, tudo foi muito divertido. Não, não fui a São Paulo para passear, mas foi o que acabei fazendo. Em algum momento, aliás, isso tinha de acontecer, não é?

O fato é que o trabalho que fui fazer por lá terminou bem antes do que eu esperava e fiquei com dois dias (DOIS DIAS!!!) inteiramente livres antes de voltar pra casa. Passeei no Conjunto Nacional - confesso que, desta vez, só cheguei até a porta da Cultura, tirei foto, mandei pra Tita e fui almoçar no shopping em frente -, descobri um Starbucks na rua onde sempre fico hospedada, quase fui ao cinema, consegui manter minha dieta quase intacta (pelo menos por algumas refeições) e descansei.

O silêncio que prometi buscar, no entanto, se transformou em deliciosos períodos de sono. Dormi muito. Aproveitei o chuveiro quente do hotel. Comprei coisinhas de menina (sabonetinhos, pinças, shampoozinhos, cremes diferentes...) na Onofre da esquina e tomei muita água.

Depois, resolvi visitar os amigos paulistas. Minha querida Pra. Nilzete, que no ano passado me deu abrigo no Rio de Janeiro, voltou para a cidade da garoa e tem um apartamento em Diadema, me recebeu com carinho de mãe no final de semana. Resolvi visitar, também, o trabalho social onde meu amigo Rafael está desenvolvendo o ministério. Este rapaz tem sido uma bênção na minha vida e olha que tudo por mensagens de celular!

Uma viagem de Diadema para a divisa de Igaratá (depois de Santa Isabel). Levei mais de três horas para ir e voltar. Mas valeu a pena. Ver o trabalho da Casa de Recuperação Efatá mantida pelo Desafio Jovem foi um bálsamo. E ver o Rafael empolgado a mostrar o lugar, as pessoas e o que eles fazem foi animador.

Na volta, passei na Sé para ver a praça. Sempre quis fazer isso, mas sempre ia lá à noite...voltei e peguei o metrô para casa, mas, é claro, passei um pouco de aventur
a e fiquei um tanto perdida, mesmo sem sair do ônibus que ia me levar da estação Saúde até Diadema, bairro do Campanário, rua Curió. 1h30 minutos depois de pegar a condução, desisti de ficar indo e vindo e desci, debaixo de chuva, no ponto em frente ao Jardim botânico para, finalmente, pegar um ônibus certo, que me deixou na porta de casa. Ufa!

Terminei o sábado com um culto delicioso de jovens na Igreja Metodista Livre. A pedido da minha anfitriã, levei a mensagem, com base em Jonas 4: 1-10. Deus foi misericordioso e se fez presente. Presente do céu aquele momento. 

Domingo, dia de vir embora, ganhei uma carona básica até Guarulhos. Do contrário, iria de ônibus-metrô-taxi. Acho que meu pequeno tamanho enterneceu o coração dos irmãos, que se dispuseram a me levar até o aeroporto. De volta para casa, agradeci pelo calor e sequidão da minha terra.

Ver a família foi ótimo! Ver meu pai foi tão especial! Ver meu avô, que já está quase totalmente carequinha por causa da quimioterapia, foi um presente. E assim, mais uma viagem terminou bem e já espero pela próxima. Até porque voltar sempre também é tão gostoso!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Cumprimentos de despedida

"Podemos ir?", ele perguntou com um sorriso cansado. Apertei sua mão e disse que sim.

Mal abrimos a porta e uma rajada de vento nos atravessou. Ele olhou pra mim e eu entendi o que significava. Era hora de nos separarmos, cada um seguir seu caminho.

Eu, segurando o cabelo que insistia em tampar meu rosto, ele tentando proteger os olhos do vendaval. Não vi quando ele virou a esquina. Ele não viu quando entrei no taxi.

Há três anos não nos vemos, não nos visitamos. Uma vez, o vi passar pela rua, mas nos entreolhamos como dois desconhecidos.

Naquela noite de ventania, o cansaço do esforço contínuo tomou o lugar das nossas brincadeiras. Não nos servia mais a companhia um do outro.

Nunca mais me lembrei daquela noite, até agora. Com o canto do olho, eu vi sua penumbra a acenar-me um adeus que, por entre os fios dos cabelos ao vento, não consegui definir no momento.

Não sei se me viu lançar-lhe um beijo na escuridão noturna. Sentíamos como amigos de longa data que se separariam pela distância de suas casas. Ele, especial. Eu, especial.

Agora, procuro por um endereço, um número, um e-mail de contato. Muito tempo se passou desde aquele último encontro. E já é hora de nos revermos. É hora de reconhecer o amor e despertar o amigo que, de solidão, hibernou em lugar desconhecido e longe da minha atenção.

Sim, vc disse.

Eu sou, por natureza, alguém inquieto. Não me sinto à vontade no silêncio. Não me peça para esperar por coisa alguma. Imediatismo e ativismo são características marcantes. Se me orgulho disso? Às vezes, sim, às vezes não. 

Essa urgência pelo agora me ajuda a reagir em momentos de letargia. Essa glossolalia irremediável me ajuda a preencher os espaços. Essa correria inata me ajuda a me manter alerta.

Mas essa urgência pelo agora me deixa irritada, frustrada e ansiosa. Essa glossolalia irremediável não me deixa ouvir o que estou dizendo subconscientemente. Essa correria inata não me permite apreciar os segundos e o descanso.

Não, não precisa me dizer nada. Já aceitei o conselho dos vizinhos e estou pensando em me deletar por algum tempo, fugindo para um local isolado, em busca do silêncio que não respeito. 

Não quero discutir com os fatos: estou farta de mim. Não adianta brigar com o relógio de Deus. Ele não vai se mover por causa do meu capricho. Não adianta sussurrar no meu ouvido que preciso esperar, não desconfiar, não desanimar, mas "esperar com confiança no Senhor". O salmista só esqueceu de dizer que não era tão fácil assim...ou será que ele disse, mas eu, na pressa, pulei a mensagem das entrelinhas???? 

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

What for?

(C'mon, kid! Spit it out!)

Nota mental: não espere que porque seus sentimentos estão indo em uma direção, que os sentimentos dos outros vão ser idênticos ao seu. Não sr. Não é uma questão de falta de consideração. Apenas é algo que acontece (e, talvez, um pouco, sim, de falta de consideração...)

Ninguém é obrigado a amar alguém só porque este alguém se declara publicamente; ninguém é obrigado a retribuir a atenção só porque você usou de empatia; ninguém é obrigado a te contar um segredo só porque você confiou os seus a outrem; ninguém é obrigado a celebrar sua presença só porque seu coração se alegrou por ver pessoas queridas.... ninguém é obrigado a nada. Nem mesmo a ler o que vc diz, quer num blog, quer no seu olhar.

Talvez, feliz seja meu irmão que acredita piamente que bem-aventurado é aquele que nada espera, porque nunca se decepciona.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Excelência na paz?

Paz. Mudanças. Simplicidade....estive questionando a Deus o porquê de eu continuar me sentindo frustrada, triste e decepcionada comigo mesma. Se tudo está sendo feito corretamente, se estou atrás de um revés, o que, afinal, há de errado comigo?

Já me disseram que me falta um amor. A minha resposta é: "só se for amor próprio". Não acredito em uma filosofia de vida em que se depende de outras pessoas - que não sejam Deus - para se ser feliz. Caros, se vc não consegue ser feliz by yourself, não espere que o será só quando tiver outra pessoa com vc. Pelo contrário. Isso pode piorar a situação. Mas...já dizem os românticos, o objetivo do compromisso entre duas pessoas é buscar não a própria, mas a felicidade do outro. Altruísta e bonitinho. Logo, não. A resposta não está em "um amor".

Me disseram que poderia ser a estagnação profissional. Um emprego que você tem a liberdade que trabalhar sem ter de sair do seu quarto, acreditem, não é a oitava maravilha do mundo. Essa mistura entre vida pessoal e seu ganha-pão, te rouba as duas coisas: nem se foca no profissional, nem se desliga pro pessoal. Mas.....minha última mudança de emprego foi há 3 meses. Então, não pode ser estagnação.

Me disseram que é a falta de envolvimento na igreja. Vamos pensar...estou envolvida com o ministério de louvor, coral, missões e mocidade, para começar. Tem certeza de que é falta de atividade? Penso que não.  

Talvez, o meu problema seja exatamente isso: excesso de atividade. Excesso de funcionamento cerebral. Excesso de horas acordada. Excesso de produtividade.

Minha vizinha e amiga querida sempre me aconselha a fazer um "Break time". Eu sempre desconverso e, talvez, pelo prazer de contradizê-la, não levo muito a sério esta história do silêncio como uma necessidade. Mas eis que vos digo: me falta paz. 

Estudar sobre a paz, como estamos fazendo, me traz este questionamento: se ter paz com Deus, nos leva a ter paz de Deus e, consequentemente, paz com os outros, este "outros" posso ser eu mesma? A paz com/de Deus também se reflete entre mim e mim mesma, se é que posso dizer isto? Me diga, sábia coisinha vã, eu necessariamente deveria ter paz comigo????? 

terça-feira, 15 de julho de 2008

Celebração da simplicidade


Se você vier me visitar, não espere que eu te leve para conhecer a casa. Não é que eu seja mal educada e não saiba receber as pessoas. Não, sr. Mas, se levá-lo para o tour, obrigatoriamente terei de abrir a porta do quarto e você há de pensar que eu estive em guerra. 

Coleções de livros e revistas estão espalhadas pelo chão, roupas amontoadas num canto e a escrivaninha coberta de papéis, filmes, mais livros e mais revistas. Não, não estou em guerra. Bem, talvez esteja. Mas é contra mim mesma. Contra minha mesmice e comodismo. Contra minha preguiça e indisciplina. Estou mudando o quarto de lugar para poder começar tudo de novo.


Quebrar a rotina não é algo que se faz do dia para a noite. Leva algum tempo para você se acostumar ao novo modelo. Mas leva mais tempo ainda tirar tudo do lugar, limpar os cantinhos e reorganizar. Nessa brincadeira, encontrei antigos diários - com declarações assustadoras! - pilhas de material de estudo sobre trabalho infantil e terceiro setor, panfletos de missões, brinquedos que trouxe dos Estados Unidos e muito lixo.

Coisas que vamos guardando para um dia....quem sabe....usar ou aproveitar. Abri um plástico e joguei tudo fora. Vou usar agora? Não? Então, com licença que preciso de espaço. Espaço para pôr novas coisas que também serão guardadas por um tempo, ou até a próxima reciclagem de ambiente. O alvo, no entanto, é alcançar a simplicidade. Ter pouco agora para juntar mais no decorrer dos anos. 

Costumo dizer que a situação do meu quarto e do meu carro demonstram como está a situação do meu interior. E você se engana se acha que está uma completa bagunça e confusão em mim. Não. Este monte de coisas espalhadas no chão é só um aviso de que estou me repensando, me recriando e me limpando do velho para deixar o novo acontecer.

domingo, 13 de julho de 2008

Se possível, mantenha a paz com todos

Resposta a mim mesma: o que se busca? Paz ou mais guerra? Se é paz, vá atrás. Sempre vale a pena ser agente pacificador. Se é guerra, respire mais um pouco, engula suas lamúrias e abafe sentimentos.

Uma lembrança, apenas: seu nome - "Lenir"- é um verbo que significa "apaziguar", "suavizar". Como diz sua grande heroína, mais conhecida como "mamãe", lembre de quem você é! 

E no mais, que a PAZ de Cristo seja o árbitro em seu coração. 
;)

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Guerra e Paz

Uma dúvida: quando acontece um desentendimento entre duas pessoas e, depois de alguma conversa, chega-se a um acordo de paz, ainda é válido trazer o assunto à tona novamente?

Estou dividida entre a suposta paz que envolve alguns relacionamentos e o desmonte que ainda existe dentro de mim. Pensamentos e sentimentos que me tiram do sério, me levam às lágrimas e me fazem querer o que não posso ter. 

Sou adepta da teoria de que se não esqueceu, não perdoou. Eu não esqueci. Eu ainda vivo o reflexo do mal-entendido, o estigma do "é sempre assim", o resultado do "deixa pra lá, não vale a pena". Mas não vale mesmo? Ou eu deveria ir atrás, dizer tudo o que está aqui, engasgado, me fazendo querer chorar toda vez que desligo o telefone?

Procuro eu pela confusão - de novo - ou me viro sozinha com esse sentimento de quem foi traído pela própria postura de não retrucar? Engulo este sapo e sigo meu caminho ou paro tudo e vomito minha chateação? Que bem, ou que mal me fará cada direção???

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Um dito pelo não dito

"Melhor é contar as tristezas do que as alegrias. Com a dor, colhe-se solidariedade. Com a alegria, inveja".

Sacodindo a poeira

Às favas com esse pessimismo que me rodeia! Há semanas que não dou um sorriso honesto! De que adianta tantas coisas boas acontecendo se só as ruins é que me marcam?! Não, não, não! Chega dessa lamúria!

Não sei se pelo exercício que fizemos de só agradecer a Deus por tudo, durante dez minutos, ou se pela satisfação que senti ao acordar esta manhã, o fato é que desisti de ser triste. De lamentar, de reclamar, de só enxergar o que dói.

Hoje, eu vou vestir uma roupa fresca, correr em volta do parque, respirar novos ares, trocar meu celular (que é para as pessoas me ouvirem),  trabalhar com vontade, investir em mim, visitar amigos, me preparar pra o final de semana, cumprir minhas promessas.

Hoje eu vou olhar para a vida com mais entusiasmo! Deixar que os problemas se resolvam ao seu tempo, pagar as contas adiantadas, me livrar dos aborrecimentos, ler o manual do computador e parar de passar raiva com ele. 

Hoje. Hoje. Hoje! Que a alegria seja contagiante, o entusiasmo envolvente e a vontade de viver melhor realidade! E o exercício eu indico: tire, todos os dias, dez minutos para a agradecer a Deus simplesmente porque. Ponto. =D 

quarta-feira, 2 de julho de 2008

As coisas que não contamos

Tentei fugir, sabe, do tema de fortes e castelos. Mas me parece que fomos muito felizes quando começamos a discutir este assunto, no ano passado. Vez por outra, cá está ele de novo. Hoje é um dia para se pensar novamente no assunto.

Estava eu assistindo Grey's Anatomy ontem e, como quase todas as vezes que assisto ao seriado, estavam falando sobre guardar segredos até ao ponto de não se aguentar mais. E eis que me vejo na situação descrita. As coisas que não dizemos, que não contamos, deveríamos não contar a ninguém. É isso o que vem a ser um segredo. Mas não. Nós, como bons seres humanos, adoramos fustigar a curiosidade alheia e envolver o máximo de pessoas em nossas conversas.

Chamo isso de fofoca pessoal. Eu já fui vítima de mim mesma e sei que você também já foi vítima de sua própria língua. Como isso acontece? Amigos, amigos, amigos.

E onde entram castelos e fortes? Exatamente aqui. Vou levar um forte para a viagem, por favor. Hoje, minha preocupação não é que os outros me firam, mas que eu acabe ferindo alguém. Sei segredos de mais de todo mundo. É possível ter vários amigos e tomar partido de todos? É possível seguir o "código da amizade" e render sua solidariedade incondicional?

Estou encurralada pelo segredo alheio. E pelos meus próprios. Não julgo os amigos que preferem não falar. Por favor, peço, não falem. Não me envolvam em suas mazelas. Não me coloquem para escolher um lado do tabuleiro. 

A amizade eu mantenho e é sincero quando ofereço o ombro e os ouvidos. Mas por hoje, somente, eu peço: me deixem só no meu forte/castelo. Há segredos que o meu umbigo ainda não terminou de contar.