quarta-feira, 29 de julho de 2009

Horizonte

Todo dia 31 de dezembro é a mesma coisa: hora de fazer a lista do que fizemos nos últimos 364 dias e planejar e sonhar com o que queremos para o novo calendário. Já tentei, mas não me lembro do quê eu tinha postado na minha lista pessoal de desejos de ano novo.

Os dias estão passando tão rápido, as estações estão mudando com tanta pressa! É gente que entra e sai da sua vida com uma facilidade e os poucos que ficam para ajudar a montar sua história também estão andando na velocidade da própria vida.

Me peguei hoje rodeada de afazeres, mas sem ver sentido para tal. Cheia de assuntos e pautas e reclames e histórias, mas sem razão para analisá-los.

O que eu almejo conseguir este ano? A única resposta que me vem é "sobreviver". Não tenho outras declarações, paixões ou ânsias. Só sobreviver. Profissionalmente, espiritualmente, fisicamente.

Os arremates, os detalhes, os "a mais", serão misericórdia, bônus e suado reconhecimento. Não aspiro a grandeza. Neste ano só me resta sobreviver e esta façanha, por si só, me resultará em um futuro de possibilidades. Depois que a página virar, no talvez do amanhã, eu consiga respirar e desejar ser mais. Reter mais.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Resgate

Acordo com o som do despertador martelando no mais profundo do meu sono. "Péin!Péin!Péin!", ele apita fustigante. Isso quer dizer que são 6am e eu deveria levantar. O dia vai ser longo e cheio de problemas. Viro a cabeça, tateando o celular. Abro um olho, tentando apertar o botão que faz o despertador voltar a chamar em 10 minutos.
6h10.
6h20.
6h30.
6h40. Pronto, não dá mais pra adiar. O jeito é desligar, finalmente, o alarme e levantar da cama. Sento, espreguiço e me encolho do frio. Como mágica, o switch liga no meu cérebro e começo a me movimentar: escolhe roupa, toma banho, escova os dentes, lava o rosto, creme no cabelo, na cara, no corpo. Perfume, desodorante. Brinco de prata, anel no dedo anelar, maquiagem - espeto o olho com o rímel -, veste roupa...a blusa não ficou boa, troca de blusa. Casaco, cachecol, meia e bota. Celulares dentro da bolsa e voilá! Estou pronta pra partir. Já na porta, me volto e pego o livro em cima da cama. Não dá pra enfrentar a lata de sardinha do metrô sem algo para distrair.
Desço as escadas. Toc, toc, toc. Subo de novo: esqueci os óculos. Confere se o cartão do metrô está na carteira. Está. Esquento o chá: mate que é pra pôr um pouco de cafeína no organismo. Droga, 7h40, demorei demais na maquiagem.
Pego a chave em cima da mesa, entro no carro, ligo o aquecedor. A batida soul no som anima as primeiras horas do dia. Canto junto. "E todo mundo diga Sou - Sou! e todo mundo diga Dou - Dou! E todo mundo diga Vou -Vou! Pelo Meu poder"....melhor ouvir as notícias, até chegar ao metrô. Propaganda, propaganda, propaganda. Pra uma rádio que "só toca notícia", essa tem propaganda demais!
Não há mais tempo. Estaciono na terra, corro pra estação, lá vem o trem! Desço as escadas correndo, a porta se abre, vomita as pessoas. Nem assim sobra espaço pra pôr o pé. Um "com licença" e empurro a sra parada na porta. Foi mal, mas preciso pegar este trem. O espaço pra abrir o livro está apertado, mas não quero prestar atenção nas poucas conversas alheias.
Uma luta entre anjos e demônios prende minha atenção até que chego ao meu destino final. A porta se abre e vomita mais um tanto de pessoas. Subo as escadas lendo, atravesso a estação lendo, subo novo lance de escadas e alcanço o Setor Comercial Sul. Lendo. Agora não dá mais e o trânsito me exige atenção. Fecho a página e acelero o passo. Tanto esforço pra chegar mais cedo e o máximo que consigo é sentar em minha cadeira às 8h20.
Faço boletim, clipping, termino o capítulo de um livro que fiquei responsável por escrever. Saio 40 minutos para pagar contas e engolir um macarrão. Pelo menos, a cia de uma amiga querida alivia o estresse. Volto, sento, escrevo cinco textos. Reunião com o chefe, despacho, corrijo, anoto. Volto pro computador pra cumprir as pendências. Conversa adorável com um querido de internet. O chefe entra na sala, bonachão, fanfarrão e chama para criar um novo relatório.
20h e ainda estamos trabalhando os textos, corrigindo o site, postergando a vida. Ligo pra mamãe: "vou me atrasar. Busca o carro no metrô pra mim? Vou de carona".
20h40 vou ao aniversário de uma amiga. Os amigos estão lá desde às 19h30. Me desculpo, me ajeito, brinco, rio, peço pizza, dou beijinho no amiguinho do lado. Meu carona chega. Pago a conta, cochilo enquanto espero, me despeço e entro no carro. Pelo menos a lata de sardinha do metrô não é meu meio de transporte nesta noite.
Chegamos ao portão do condomínio. Agradeço a carona, desço, toco o interfone, o portão abre e, de cima de um salto de 5 cms, caminho até em casa. São 23h30. Assisto ao final do filme com a mamãe, fugindo do frio. Cochilo. Subo pro quarto, escovo os dentes, arrumo o despertador, pego o livro e deito com o abajour ligado. Mais lutas entre anjos e demônios. O sono chega, apago a luz, derrubo o livro e durmo, sem sonho.
Acordo com o som do despertador martelando no mais profundo do meu sono. "Péin!Péin!Péin!", ele apita fustigante. Isso quer dizer que são 6am e eu deveria levantar.....


(acompanhe o video: Banda Resgate - 5:50 http://www.youtube.com/watch?v=dF9Ilc8-ZB4)

"Abro os olhos sob o mesmo teto todo dia
Tudo outra vez
Acordo, um tapa no relógio a mente tá vazia
São dez pras seis
Hoje a morte do meu ego tá fazendo aniversário
Será que eu vou chegar
Chegar ao fim de mais um calendário?
Eu não sei
Eu não sei
Eu não sei
É tudo sempre igual
Disseram que o Teu amor é novo a cada dia
Eu pensei
Quero ouvir a Tua voz falar o que eu queria
São dez pra seis
Se é pra Te seguir e então matar aquela velha sede
Se é pra Te servir e nunca mais cair na mesma rede
Eu vou
Eu vou
Eu vou
Se é pra Te seguir e então matar aquela velha sede
Se é pra Te servir e nunca mais cair na mesma rede
Eu vou
Eu vou
Eu vou
Te seguir"
(Banda Resgate)