Assim: Lutar contra ansiedade é uma tarefa diária. Diária? Melhor sermos honestos: é tarefa para cada hora do dia. Tem dias que não dá pra esperar e o jeito é ceder à tentação e encarar a barra de chocolate pra suportar a falta de ar e a agonia que a expectativa não-cumprida causa.
Minha ansiedade tem sido controlada no formato "montanha-russa": hoje eu consigo, amanhã, não. Tem dias que o simples pensar na situação é motivo para travar os músculos, doer a cabeça, transpirar e suspirar. A pupila dilata, o coração acelera e, como eu disse, falta ar aos pulmões.
Mas o que é isso? Uma descrição de uma crise de ansiedade ou uma paixonite aguda? Não faço a menor ideia. As duas sensações, de fato, se confundem. Deixo para os entendidos da fisiologia do corpo humano explicarem. Na verdade, não me interessa.
O que me interessa é que, aparentemente, a não ser que a ansiedade se torne uma doença, não há como tratá-la. Não tem exercício que resolva, nem chocolate que a aplaque. A mim, a ansiedade é praticamente uma companheira. É por ela que eu sei quando tem algo errado acontecendo, quando devo me esforçar para me concentrar porque meus prazos estão acabando e quando devo ficar em casa pelo simples fato de que encontrar certa pessoa vai me causar mais decepção e rejeição do que prazer.
Negar a vontade de atender aos clamores da minha ansiedade, em particular, neste último caso é uma forma de proteção. É manter o meu muro erguido o suficiente para me contentar com o "não" que já possuo e garantir que o ar da possibilidade de ser indeferida sequer exista. É ter certeza de que o radical da palavra não caia e só me sobrem os adjetivos de ansiosa e mal-amada.