sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Ode ao silêncio

(Esse é especialmente pra vc, TX)

Esta foi uma semana atípica. Mais da metade dela passei em casa, fazendo nada, ou um monte de coisas que normalmente não faria, como passar a tarde no shopping, estudando na praça de alimentação ou ir ao cinema sozinha e aproveitar um filme ruim e o ingresso barato para poder relaxar. Voltei ao trabalho na quinta-feira. E descobri o que eu já sabia: senti falta da correria, do monte de coisas para fazer, de tomar decisões. Não senti falta da pressão do dia a dia. Mas me senti bem por voltar à ativa.
O que aprendi é que, às vezes, é preciso parar para fazer nada. Nos permitir o momento de silêncio (ainda que ele seja um eterno inimigo, mas necessário) faz parte do roteiro para se manter a saúde física e mental. É como um remédio amargo que não te traz alegria nenhuma em ingerir, mas que traz cura.
Essa é minha relação de amor e ódio com o silêncio: paradoxalmente à minha impossibilidade inata de viver sozinha, preciso da quietude para desacelerar a alma, renovar o espírito, clarear a mente. E claro, ouvir a minha própria voz.
Nestes textos aqui postados expressei livremente meus temores e deixei que o silêncio fosse rompido. As palavras ricochetearam em respostas dos amigos queridos que me apontaram novos caminhos e percepções que EU, sozinha, não tive.
O mais interessante dessa "terapia de grupo" em que transformamos nossas páginas foi chegar a uma conclusão comum: todos temos problemas, mas todos temos possíveis soluções para oferecer. E eis a minha: a culpa pelo parar, pelo desacelerar, pelo fazer uma coisa de cada vez e respeitar meus limites deixou de existir. Simplesmente porque não é culpa puxar o pino do relógio e deixar seus ponteiros inertes por alguns instantes. É um direito. E é consciência de que se não se permitir, pelo menos, 30 minutos diários de silêncio em meio à turbulência, o marcador de temperatura vai subir e, como uma caldeira em ebulição, você explode e perde a serventia.
O silêncio me despertou para obrigação do descanso e isso, meus caros, é liberdade. Liberdade responsável.

4 comentários:

Hayet disse...

O que eu te falei sobre ouvir a pr�pria voz, cutir a companhia de voc� mesma, hein? Voc� n�o me deu nenhum feedback, sen�o este.
Quanto � "terapia de grupo", lembre que que um dos focos da terapia � o auto conhecimento e que nos conhecemos na intera�o com o outro. Nunca poderemos saber quem somos, como somos, sen�o na intera�o com o outro, na vida social. POrque o ser humano � biologicamente social. Talvez seja por isso que o sil�ncio seja, �s vezes, t�o dif�cil e por isso que depende dos outros e n�o consegue viver sozinha. Nada mais do que o normal, o que voc� foi geneticamente preparada pra sentir.

Marcia disse...

Para quem via o silêncio como um inimigo a quem jamais se renderia, conseguir enxergá-lo como um direito, como um aliado da liberdade responsável ,é um passo e tanto! Ainda mais ser merecedor de uma ode....rs!!!!!
Fico imensamente feliz em saber que sua relação com ele tem mudado e espero que você sempre encontre nele um aliado.
E obrigada pela dedicatória! Estamos aprendendo todos juntos, e isso é o melhor de tudo!
bjs!

Marcia disse...

Estou em greve!
Considerando que o meu post é o mais recente ( com exceção do blog do Ricardinho), só escrevo novamente quando ler um post novo seu aqui!

Lê Cami disse...
Este comentário foi removido pelo autor.