Arde.
Das lembranças surge o passivo de dor não curada. Contabilidade mal feita dos dias e das expectativas. Um vislumbre da possibilidade, do projeto, do sonho e do arquétipo jogados pela janela indiscreta do sem querer.
Palavras tortas com tom dissonante, disfarçados na atenção gerada pela culpa dos verbetes rolados pela língua abaixo, sem o bloqueio ou trava do pensamento.
Quando viu, já foi. O som já saiu. As cordas vocais já tremeram. As ondas sonoras já caminharam no espaço e atingiram os ouvidos, os tímpanos e o coração.
O receptor cai morto, atingido pelo significado e significante da mensagem que, de repente, destruiu seu fôlego de vida.
Uma ansiedade a menos. Uma taquicardia a mais. Mais uma vírgula arrancada do discurso do possível. Mais um dejeto no muro das lamentações internas.
E pronto. Ferida que arde, corroi, expõe e questiona a certeza que agora é firme como gelatina.
3 comentários:
E como arde! Como dizem os antigos (sempre tão sábios), palavra lançada não volta. Ah, se voltasse! Quem dera voltasse! Mas como não o faz, é preciso fazer a escolha certa: morrer engolindo veneno ou matar lançando-o fora. Acabou q o comentário ficou tão filosófico qnto o post! :)
Típico. Vindo de vc, não poderia esperar menos, né, Rê?! rs
P-H-O-D-A, sis. Eu tenho me cansado do excesso de advérbios e adjetivo que usamos, mas parece que nada consegue expressar melhor, não é?
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