sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Contratempo


Coração apertado, mas mente renovada. Os olhos marejados constantemente trazem um brilho ambíguo aos olhos. Não há felicidade ou tristeza. Não espero conserto ou perdão. Não quero nada que venha fora de mim.

O som do silêncio me faz respirar aliviada. Falta muito para ser cumprido, falta nada para ser resolvido. Dormi de olhos abertos, a respiração ofegante e essa dor no peito que não passa. Vi o presente turvo e o futuro sem ser desenhado. Ouvi as vozes do passado sussurrando os lamentos de sempre. Vi suas garras apontada pra mim, como se pudessem me alcançar.

Já virei a esquina, já saí de sua vista. Um horizonte esfumaçado é que se descortina. Passos pra frente, pesados, amarrando os pés na maratona.

Me arrepio com o dia de sol, enquanto as nuvens tomam conta de dentro de mim. Tenho fome, mas não quero comer. Uma ânsia triste se desembrulha na ponta dos dedos, que jorram palavras ao vento, sem sentido, sem conexão, sem radicalismo, sem audácia de ser bom.

Texto de mim. Diagrama do eu. A renovação das lágrimas se refletem no impulso ao viver. E reviver o que se esperava já ser utopia.

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