quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Contra a parede


Em poucos dias enfrentei uma série de altos e baixos emocionais. Série de enfrentamentos virtuais, pessoais e reais. Como uma campanha política, tive amigos assumindo lados a favor e contra, tomando partidos, defendendo seus times e conceitos.

Um monte de gente se metendo, dando opinião, mexendo com nosso humor, criticando, querendo rotular se estávamos certos ou errados.

Em nenhum momento, no entanto, ninguém* perguntou como nos sentimos, como NÓS estávamos encarando nosso "problema", como víamos toda a situação. Nos espremeram contra a parede, tentando nos convencer, como em boca de urna, do que deveríamos fazer.

Nenhum deles olhou para nós e se calou. Nenhum observou nosso sorriso, nosso olhar brilhando, nossas mãos preenchidas pela mão do outro, nossos desejos e nossos próprios medos. Ninguém se importou com o que NÓS estávamos pensando, sentindo e vivendo.

O que pensam? Que não sabemos dos riscos, do fora do comum, das dificuldades? Não precisamos dos dedos apontados contra nós, mas precisamos de braços estendidos, prontos para um abraço acolhedor, que nos garanta que a amizade está acima do preconceito, das opiniões pessoais, voltadas para nós e nossas próprias fraquezas.

Precisamos de nossos amigos como amigos, não como nossos julgadores. Se vai dar certo, é uma especulação que não nos permitimos responder. O mais provável é que não. Mas, enquanto durar, queremos o respeito alheio, o suporte daqueles que nos chamam de irmãos, que nos querem bem.

As autoridades sobre nós - pais e pastores - apontaram todos os perigos desta trajetória. Mas nos abençoaram, oraram e apoiaram. Mas dos nossos amigos, que andam conosco, esperávamos um pouco mais de positivismo e um pouco menos de cimento e massa corrida nas mãos que nos afagam.

(*salvo exceções)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Comigo só.

Eu descobri que gosto de ser sozinha. Não de estar. Mas de ser.

Não sou uma filósofa da vida. Não sei traçar teorias mirabolantes sobre o cotidiano. Não chego perto das percepções de Carpinejar*. Não defino gostos fixos e vontades estáticas.

Descobri, esses dias, que tenho, sim, um local preferido para comer, mas que não me impede de diversificar. Não sou uma xiita da rotina e dos meus desejos.

Gosto de andar sozinha pelas ruas, observar os transeuntes e rir com eles de seus tropeços. Ir ao cinema é uma terapia que faço só, num relacionamento que se resume entre minha poltrona e o personagem na grande tela. Escrever aleatoriamente me ajuda a organizar meus pensamentos e desvendar minha alma. Andar por uma livraria me faz sonhar com uma vida que não tive, mas que almejo.

Estou sozinha por alguns anos. E isto me ajudou a me descobrir, a criar manias só minhas, a peneirar meus cortejos pessoais, a me aceitar, a corrigir chatices que nem eu suportava. Estar sozinha me ensinou a SER sozinha. A apreciar a minha companhia. A desejar um tempo só comigo.
Me lembro da insistência da Marcia para que eu viajasse sozinha, para um local em que eu pudesse me concentrar em mim e minha resistência em fazê-lo. Em perscrutar minhas emoções, sentimentos, pensamentos e esta leitura de mim, que era tão dolorosa. Um agradecimento a ela, pelo empurrãozinho sábio que me deu, ao me incutir a ideia de me conhecer.

Hoje, estou feliz. Realizada com quem me tornei, com quem sei que sou, com o futuro próximo que decidi pra mim. Assim, sozinha.

Hoje eu até posso dizer que estou melhor preparada para deixar a solitude e me permitir pensar em passar a ser mais do que só uma no meu castelo.
(*Fabrício Carpinejar é um poeta e cronista brasileiro)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Bambam

A vida pulsando em meio às horas, aos dias, aos fatos. A vida crescendo dentro do invólucro quente e aconcehgante que a envolve. A vida que muda outras vidas, que transforma expectativas, esperanças e sonhos. A vida que se manteve firme e perdurou com qualidade e perfeição.

A vida na batida do coração.

Uma nova vida. Assim, de atropelos, sem muito planejamento, sem muito apego. A vida em uma notícia inesperada, misturada à dor, à alegria, ao amor e ao desalento. A vida de todos os momentos.

A vida que traz sono, para aproveitar as noites que serão mal dormidas; que traz fome, para aliviar os dias em que o tempo não permitirá a saciedade; que traz sorriso, para os anos de lamento e preocupação.

Vida. Vida que está trazendo consigo sorrisos, carinhos, lágrimas de contentamento. Vida que significa herança, pedaço de nós, parte de nós. Vida que já provoca mudança nas vidas de quem nem conhece, que já causa estranheza aos mais apegados, que força a tomada de decisões a tanto esperadas.

Vida que vai preencher nossos dias e que vamos amar incondicionalmente. Que nos transformará em bobos e babões, em pais, avós e tias! A vida do pequenino que lá dentro nem pode imaginar o quanto já estamos ansiosos para vê-lo aqui fora, cheio de vida!