Estive conversando com alguns amigos esta semana e, apesar de ter ficado sem tempo para vir explorar os pensamentos, não pude deixar de questionar algumas de nossas posturas. Ao que parece, o tema do momento em todas as rodas de conversas é a fidelidade e a confiança que dedicamos e que recebemos uns dos outros. Mas temo que não vá chegar a nenhuma conclusão. Bom, pelo menos na minha cabeça, não encontrei uma resposta definitiva.
Temos falado sobre o relacionamento horizontal e ponderado muito sobre nossas amizades. Mas temos tocado muito no que o outro nos faz, mas....e o que nós fazemos ao outro? Falamos sobre castelos e fortes e nossa propensão a nos isolar de quem oferece qualquer risco aos nossos sentimentos. Mas a pergunta que não quer calar na minha mente é: quantos fortes têm sido construídos por causa e contra nós?
Lendo um livro do escritor americano Max Lucado, ele diz que o que colhemos é o reflexo do que plantamos. Regra de ouro e que não costuma apresentar exceções. Tantas pessoas vieram me procurar pra me contar como estão frustradas e decepcionadas com indivíduos que julgavam ser seus amigos, alguns até por muitos anos de caminhada juntos. Mas uma traição, a quebra da confiança, o abalo sísmico da fidelidade que pode ser sentido a kilômetros de distância, acontece apenas em uma mão?
Quero dizer, quais têm sido as nossas sementes? O que temos plantado em nosso caminho? Que tipos de mudas temos alimentado nos nossos jardins? E essa falta de honestidade que temos sofrido é um reflexo das sementes que temos escolhido plantar? Não sei se a cumplicidade de amigos têm sido suficientes para manter um relacionamento saudável. Na verdade, começo a questionar essa tal cumplicidade.
Dizemos um "eu te amo" para todos os nossos conhecidos, como forma de expressar nosso carinho. Aprendi, recentemente, uma expressão que gostei muito e que tenho tentado usar, com o máximo de honestidade: "tal pessoa é muito querida". O que nos falta, então, se há tanto "amor", tanta "entrega", tanto "querer"? Talvez seja, de fato, a honestidade. Temos medo de ser verdadeiros com quem nos importamos e isso só demonstra que não nos importamos tanto assim.
Medo de criticar o que achamos errado, de tentar mostrar outro caminho e de oferecer a mão para, realmente, ajudar nossos amigos. Temos aversão a compromissos. Podemos, inclusive, culpar a modernidade por isso. Temos tão pouco tempo para curtirmos a nós mesmos, porque deveríamos ceder o tempo que não temos para amigos chorões que passam por problemas? Medo de compromisso, de cumplicidade, de honestidade, de lealdade, de dependência. Somos ensinados que as pessoas podem usar o que sabem da nossa vida para nos ferir - e elas usam mesmo! Por isso, apagamos nossas mensagens do orkut, escondemos nossas lágrimas, não permitimos que outra pessoa se aproxime.
Plantamos sementes de egoísmo. "Quero estar livre para poder fazer o que quiser, se me der na telha de fazer". Se temos um compromisso, uma responsabilidade com alguém ou alguma coisa, isso pode ser um impedimento à nossa liberdade, confundida com libertinagem, procrastinação e egocentrismo.
O que temos feito para que a desconfiança se alastre dessa maneira no nosso círculo? Que ações cometemos para que sejamos apunhalados pelas costas? Temos nós sido os arquitetos de castelos para os nossos amigos, mas que, com uma simples modificação podem se tornar em fortes contra nós mesmos? Que semente estamos plantando nos nossos relacionamentos? Qual o revestimento para a obra inacabada do nosso coração? A sinceridade ou falsidade? O caráter ou a máscara? A cumplicidade ou a traição? A coragem ou a covardia?
É dia de explorar a verdade. Do contrário, podemos continuar com as portas fechadas. Mesmo assim, não vai existir relacionamento perfeito, nem de sua parte e nem da parte do outro, mas podemos, pelo menos, minimizar os efeitos dessa nossa natureza caída, que guarda mais os olhos no próprio umbigo do que na expansão do mundo ao seu redor.
Um comentário:
espero q vc seja forte ao explorar a verdade.
um texto bem forte...
anyways... as pessoas precisam d compreensão, não de aceitação.
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