Com a tristeza estampada no rosto, ela se vestiu para mais um dia de trabalho. olhou ao redor com desolação. A cama por fazer indicava uma noite mal dormida, agitada pelas preocupações que invadiam seu coração e mente.
Escolheu uma roupa mais conservadora, abotoando a camisa até a gola, como que para prender o coração e não deixá-lo saltar pela boca. Olhou-se no espelho, cansada. O empapuçado sob seus olhos denunciavam uma crise de choro recente.
Mas respirou fundo, contou as casas e os botões e, calçando uma sapatilha confortável, dirigiu-se à vida. Subiu a rua sem pressa e com a firmeza de quem cambaleia. Apertou os olhos, tampou-se do sol e respirou mais fundo.
Com a dor incômoda da alma, chegou ao destino, imaginando o que fazer para disfarçar tamanho peso. Clareou o sorriso e conseguiu fingir tranquilidade. Trabalhou com afinco, sem deixar o pensamento divagar pelas terras insólitas da ansiedade. Esqueceu de comer, de conversar, de rir. Esqueceu, inclusive, dos amigos que lhe convidaram para um happy hour. Esqueceu de si mesma e, por um dia, não desviou o olhar para a janela, para a porta e para o dia.
Deu a hora, desligou tudo e voltou pra casa e para seu vazio. Sentiu-se só, como há tempos não sentia. Uma lágrima brilhou no canto do olhar e ela fungou. Abriu o celular e deparou-se com a foto que evitou por todo o dia: fora vítima da saudade. Da saudade e da alegria perdida.
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