Ninguém sabe o que acontece quando aquela porta se fecha. Não, não é uma audiência santa, muito menos um descanço merecido. É confusão, lágrimas e desorganização.
Em cima da mesa, muitos livros espalhados. Sobre a TV, filmes incontáveis. Todas as oportunidades de fugir da realidade estão ali, atrás daquela porta. Os sonhos que jamais existiram, as vontades que jamais aconteceram, as palavras que jamais foram balbuciadas.
Por trás da porta jaz uma menininha que, de medo, se escondeu na fantasia de ser alguém grande, um dia. Pé ante pé, sussurros pelo ar. Os sonhos morrem quando os olhos se abrem.
Quando a porta se fecha, a solidão domina e é quase claustrofóbico o apertar das paredes ao redor. No silêncio da alma, o ruído é externo. E a pobre menininha não tem mais forças para gritar por socorro.
Então, ela se deixa ali, alimentando-se do próprio sofrimento, sem coragem para girar a maçaneta ou impedir que aquela porta se feche.
Nenhum comentário:
Postar um comentário